No sábado, dia 16/03, o CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube prosseguem com a Mostra Tati por Inteiro exibindo uma sessão dupla dos filmes “AS FÉRIAS DO SR. HULOT” (1953) e “CARROSSEL DA ESPERANÇA” (1949).
Em “AS FÉRIAS DO SR. HULOT”, o atrapalhado protagonista viaja para um hotel próximo a um balneário francês, provocando a habitual onda de catástrofes encarada com estranheza e simpatia pelos outros hóspedes, burgueses em busca de descanso. Não há uma narrativa bem estruturada, e sim esquetes e situações através das quais Tati desenvolve sua comicidade com a figura estabanada e solitária de seu personagem. Um personagem que antecipa a era dos gadgets que vivemos hoje, uma vez que é o excesso de bugigangas (chapéu, cachimbo, guarda-chuva, tralhas em geral) uma de suas escadas para o humor.
Tati explora o humor físico, com a graça do jogo de cena amparada pela mímica e pelos acontecimentos cotidianos. Um humor amparado e sustentado pela imagem antes de qualquer coisa, no qual a palavra em nada se aplica. Quase não há diálogos em seus filmes, marcados por esse humor poético, quase ingênuo, mas que por trás da aparente ingenuidade esconde uma inteligente crítica de costumes.
Para o crítico Rogério de Moraes, “AS FÉRIAS DO SR. HULOT é uma comédia que faz rir. Algo que se torna raro em nosso tempo de magra criatividade no humor, cujas comédias são quase sempre opacas, monótonas ou irritantemente repetitivas. A obra de Jacques Tati merece cada retrospecto e merece ser conhecida. Revela uma verdadeira vontade e paixão pelo humor e pelo cinema original, no qual a imagem prevalece sobre qualquer palavra”.
Classificação indicativa: 10 anos.
Em “CARROSSEL DA ESPERANÇA” (1949), François, carteiro de uma pequena cidade, ajuda na montagem de um parque de diversões que inclui um cinema ambulante. Ali, assiste a um documentário sobre o sistema postal mecanizado em funcionamento nos Estados Unidos. Determinado a aumentar a velocidade de suas entregas, ele inspira-se no exemplo norte-americano e procura modernizar seu trabalho com a ajuda de uma bicicleta, provocando uma série de confusões entre os pacatos moradores da cidade.
Tati pretendia que CARROSSEL fosse a cores mas, por segurança, também o filmou em preto e branco – cópia que chegou aos cinemas. Em 1964, o diretor acrescentou novas sequências, da mesma forma que coloriu imagens à mão. O azul, branco e vermelho (cores nacionais da França) surgem quando as imagens que desenha no papel interagem com as que Tati projeta na tela. O filme marca a comunhão, e o sucesso de bilheteria, entre diretor, público e personagens.
Montado em sua bicicleta, François se lança pelo campo com vigor. Passa carros, gira em torno de uma vaca, encontra uma cabra ignorante, uma abelha irritante e um incontável número de copos de vinho branco que se interpõem em seu caminho. Tati se utiliza do som não como elemento narrativo ou explicativo, mas como uma moldura para o que realmente importa, a imagem: CARROSSEL DA ESPERANÇA não tem diálogos, apenas músicas e efeitos sonoros.
Classificação indicativa: Livre.
O CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube acontecem aos sábados, a partir das 19h, no Salão de Convenções do Sesc Montes Claros – Rua Viúva Francisco Ribeiro 200. As sessões são gratuitas e abertas a todos os interessados. Depois da sessão, acontece um bate-papo com a platéia sobre os filmes apresentados. A Mostra Tati por Inteiro é um projeto do Departamento Nacional do Sesc, em parceira com a Embaixada da França e a Cultures France
PRÓXIMAS ATRAÇÕES – MOSTRA TATI POR INTEIRO
23/03 – As Aventuras do Sr. Hulot num Trânsito muito louco & Parada
As Aventuras do Sr. Hulot num Trânsito muito Louco (Trafic, França, 1971, 93’). Sr. Hulot, desenhista de uma modesta fábrica de veículos, cria um caminhão com várias inovações e decide levá-lo à Exposição Internacional do Automóvel de Amsterdã. Ele toma a direção do veículo, seguido por uma jovem responsável pelas relações públicas da fábrica, num caminho esportivo. A viagem é interrompida por uma série de problemas. São tantas as confusões, que o carro chega tarde demais á exposição.
Parada (Parade, França, 1974, 85’). O filme mostra as aventuras de duas crianças por detrás da lona de um circo provinciano. O diretor também aparece como um dos artistas do espetáculo, entre saltimbancos, mágicos e espectadores encantados.
30/03 – Tempo de Diversão (Playtime, França, 1967, 114’). Um grupo de turistas norte-americanas chega a Paris, nos anos 60. Ali está também o hilário Sr. Hulot. Seu jeito inocente de observar as coisas acaba criando deliciosas confusões com as turistas que visitam a capital francesa. A mais cara produção de Jacques Tati. O diretor praticamente construiu uma cidade, com restaurantes, farmácia, prédios comerciais e até aeroporto.
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