Com o tema “A violência no cinema brasileiro”, a Mostra de Cinema Permanente coloca o dedo na ferida e apresenta filmes que desafiam a lógica do bom mocismo nacional
Sangue, assassinato, selvageria. A 17ª edição do Curta Circuito – Mostra de Cinema Permanente apresenta, de março a junho, quatro longas nacionais que têm histórias de violência como fio condutor principal. Em Montes Claros, as sessões são realizadas em parceria com o Cinema Comentado Cineclube.
“Como não abordar, ‘exibir’ um tema que é tão atemporal? A opressão, o medo e a intimidação caminham lado a lado por séculos na nossa história. Partindo do tema, apresentaremos a nossa inquietação e impassividade diante dessas questões”, explica Daniela Fernandes, diretora da Mostra. Estreando a sanguinária programação está o filme Os treze Pontos (1985) – A sessão acontece no próximo sábado, dia 24 de março, às 19h, na sala de audiovisual do Centro Cultural Hermes de Paula, seguida de bate-papo. A entrada é franca.
Na programação, dentro da temática A violência no cinema brasileiro foram escolhidos trabalhos menos conhecidos do grande público e com elementos raros e inusitados. Andrea Ormond, curadora da mostra, afirma que cada um dos filmes selecionados tem a missão de falar da violência sem engrandecê-la de modo vazio.
“Os Treze Pontos” conta a história de um grupo de malfeitores que persegue uma jovem, viúva de um técnico em informática que havia descoberto a chave para fazer os treze pontos na loteria. Dirigido por Alonso Gonçalves e lançado em 1985, o filme tem pouco mais de uma hora de duração e será comentado pelo jornalista e professor Elpídio Rocha.
Curta Circuito
Durante sua trajetória, iniciada em 2001, a Mostra de Cinema Permanente, que exibe exclusivamente filmes nacionais, sempre com entrada franca, reuniu um público de mais de 74 mil pessoas, que estiveram presentes nas quase cinco mil sessões apresentadas.
A mostra é dirigida por Daniela Fernandes, da Le Petit Comunicação Visual e Editorial, com curadoria assinada pela crítica de cinema e autora do blog Estranho Encontro, Andrea Ormond. É referência em Minas e no Brasil como ação de formação qualificada de público, espaço de reflexão e debates sobre a cultura audiovisual e todos os aspectos que a envolvem, sejam técnicos, narrativos, estéticos, culturais e políticos.
O Curta Circuito já atuou em 18 cidades dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pará e atualmente está presente em Belo Horizonte – onde tem como “sede” de suas exibições o Cine Humberto Mauro – e nos municípios mineiros de Montes Claros e Araçuaí. Já passaram pelo projeto convidados como Nelson Pereira dos Santos, Zé do Caixão, Sidney Magal, Othon Bastos, Antônio Pitanga, Nelson Xavier, Darlene Glória entre outros.
O Curta Circuito atua também na preservação e memória do cinema brasileiro, trabalhando na restauração de filmes, em parceria com a Cinemateca do MAM-RJ. A iniciativa recebeu Mention do D’Hounner em Milão, em 2013, pela restauração do filme “Tostão, a fera de Ouro”, da década de 1970.
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